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Envelhecemos

data-filename="retriever" style="width: 100%;">O envelhecimento da população brasileira é uma realidade, fruto de um conjunto de fatores e de políticas públicas adotadas ao longo de anos, em especial nas últimas três décadas com a construção e implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas como tudo neste país, esquecemos de nos preparar para esse cenário ou esquecemos de construir possibilidades adequadas às necessidades desse grupo, que cresce dia a dia.

Essa população acaba muitas vezes esquecida, abandonada e vítima de preconceitos. As famílias não se prepararam para viver e bem conviver com seus idosos. As instituições públicas e filantrópicas que prestam serviço a eles também são ignoradas ou lembradas sem continuidade. Porém, essas pessoas têm necessidades diárias: elas almoçam, jantam, tomam café e fazem lanches. Elas usam medicações, recebem cuidados de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e médicos, além de outros profissionais. Eles, como todos nós, envelhecem diariamente. No entanto, a impressão é de que a comunidade em geral não se atém a esses fatos. E tudo vai se resolvendo ou não, com muita ajuda de poucos.

Para melhor compreensão do assunto, é importante entender que o tema idoso e o envelhecimento da sociedade vêm sendo debatidos há anos. Em 1986, ocorreu a Assembleia Internacional sobre Promoção da Saúde, no Canadá, que resultou na Carta de Ottawa. No Brasil, esse documento orientou a formulação das diretrizes do SUS e, especificamente, da Política Nacional do Idoso. Hoje, um grande número de idosos pode ser visto inserido na vida da comunidade. Por outro lado, ainda há uma parcela que permanece ignorada. São os "asilados" nas instituições de longa permanência para idosos (ILPIs). Nesses locais, ficam os que mais precisam de cuidados, sobretudo por estarem sujeitos a vulnerabilidades social, econômica e emocional. Muitos deles não têm família ou estão esquecidos por elas há anos.

O custo mensal de um idoso com necessidades especiais e/ou doente é realmente muito alto e, muitas vezes, impossível de ser assumido por suas famílias, quando elas existem. Nesse caso, a presença do Estado e da comunidade se faz necessária. Na sua maioria, essas pessoas vivem sem contato com suas famílias há anos, pelos mais diversos motivos. Diante dessa situação, esses idosos não têm ninguém para cuidá-los senão as ILPIs, suas equipes, seus colaboradores e voluntários.

É preciso urgentemente nos empenharmos para o fortalecimento de uma rede de atenção com a pessoa idosa, em especial com as mais vulneráveis. A construção dessa rede passa pela preservação da autonomia das pessoas e o exercício da cidadania fortalecendo a capacidade de mobilização da então chamada "população silenciosa".

Além disso, há um consenso de que três questões, entre tantas, são preocupantes quando se trata das ILPIs: o financiamento e a gestão dos recursos dessas instituições, as suas instalações e as normas de funcionamento - essas duas últimas, não obrigatoriamente consequências da primeira. Precisamos começar urgentemente a discussão sobre o espinhoso tema do financiamento das ILPIs. São inúmeras as dificuldades, desde instalações, equipes, gerenciamento até o número de instalações existentes, incluindo as filantrópicas e de baixo custo.

Existe uma carência crônica nesses espaços. Acredito que o gerenciamento e o planejamento estratégico adequados podem ser de grande ajuda para a sobrevivência financeira tão almejada, observando rigorosamente o princípio ético/moral da beneficência e do amor ao próximo. Aqui retorno à necessidade de financiamento dessas instituições e a sua profissionalização, baseada na incorporação de conhecimentos técnicos, boas práticas e humanização da assistência, com valorização e qualificação do capital humano e administrativo. Os lares precisam de ajuda, de muita ajuda. A nossa cidade, Santa Maria, já pensou o que faria se os três maiores lares filantrópicos fossem fechados? Para onde iriam as pessoas assistidas? Quem socorreria? Como seria?

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